Pela cortina semi-aberta da cozinha, entrava uma nesga de sol - senti-a, no meu braço e rosto - sorri e me deixei inebriar daquele calor que me aquecia e me penetrava a alma.
Dias depois cheguei à janela e aspirei um ar puro cheio de aromas que evolava da terra, das árvores, das flores e das janelas abertas.
Hunh! que cheiro gostoso!
Alguém começava a preparar o almoço. Outros, dali a pouco, chegariam do trabalho. Cansados. Na repartição, falava-se pouco. Não havia alegria. Trabalhavam sóbrios e destilavam muita austeridade. O ambiente, carregava-se de fluídos pesados. Não havia circulação de ar. Ninguém demonstrava bom humor. Como plasmar a graça de Deus, se a mangueira por onde os pranas da natureza e da vida foram fechados um a um, estavam obstruídos. De vez em quando surgia um assunto bem desagradável, como mortes, massacres, corrupção, cataclismos, guerras e críticas maldosas e escarnecedoras sobre alguma celebridade. Era o óbvio. Desde que nascemos somos bombardeados por assuntos funéreos e maldosos.
Nossas energias vão sendo sugadas e nem sentimos, mas as contrariedades começam a surgir e parece que ninguém se entende mais. Só vai nos restar gastos com a saúde, remédios que aliviam as enfermidades, nos sedam por alguns instantes.
O nosso criador nos oferece tantos momentos felizes! que não custa nenhum dinheiro... Então, é piegas. Coisa de pobre, de gente sem imaginação. Muitos pensam... quero morrer, ou depois de morto vou me livrar disso tudo. Puro engano. Chegará no paraíso, tão doente, quanto daqui partiu. Sua cegueira foi tão grande, maiores que as suas trevas, e o pior que deixou sua conta bancária bem gorda, pois se matou de trabalhar, cuidou e falou da vida de todo o mundo. E esqueceu-se da sua.
É de pasmar!
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