Saio do hospital. Garganta apertada. Dirijo-me para a parada do ônibus.
Alguém me pergunta a hora. São dez horas e começamos a conversar: falamos dos nossos
doentes, das procupações, dos afazeres corridos. Nos despedimos prometendo visitas.
Desço do coletivo. Com passos incertos, observo tudo ao meu redor: uma manhã calma cheia de raios de sol. Sinto meu coração mais aquecido. Um moço corta a grama e o cheiro que exala de seus ferimentos é verde, acre, úmido e intenso. Uma árvore gigante, num terreno cheio de urzes respirava aliviada, tudo a sua volta fora limpo. Dali a pouco um pássaro apressado voa, carregando no bico um cisco para seu ninho. Escuto sons e ruídos, melodias daquela manhã harmoniosa e serena. Prenúncio de Primavera. É a vida que se renova e deixo-me impregnar pelo verde da paisagem e pelo colorido das casas. Meus passos são firmes, apresso-me cheia de esperanças e o universo todo caminha no mesmo ritmo. Um anjo aparece e abre-me o portão.
Subo as escadas, os braços doridos pelas bagagens, respiro com dificuldade. O futuro é incerto.Lá no hospital, uma jovem luta pela vida, é minha filha. Que as mãos misericordiosas de Deus nos ampare.
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