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24 de dez. de 2016

TINHA QUE ESCREVER Na minha casa ficará para sempre o crucifixo. Tenho uma boa razão para deixá-lo ficar dependurado na parede da sala. Lembro daquela unidade 800. A unidade do câncer. Nunca imaginei que um dia iria frequentá-la com uma certa assiduidade. Pois é. Me aconteceu. O pior de tudo, era aquele elevador. Enorme. Ali, junto com outras pessoas, e sempre carregado: funcionários, carrinhos de limpeza e macas. Quando descia... sentia-me esmorecer... Pelas portas abertas dos quartos, avistava-se: jovens que sofriam desse mal. Havia crianças também. Rostos em sequidão. Cabeças sem um fio de cabelo, os olhos eram enormes e bem abertos, ombros pontiagudos, sentados na cama olhando para o nada, uma maca os descia para não mais voltar. Meu coração convulsionava. Eu não podia imaginar que um dia, talvez com muita brevidade, eu desceria ... com uma maca coberta com um lençol branco. Olhando pro nada, talvez... Um dia... em casa, descansando dessa jornada e dormindo na cama vazia, no quarto de minha filha, tive um sonho: da cabeceira da cama, saía um arco-iris. Essas cores eram fortes, e iam até o hospital. Á noite passava com ela. Quase de manhã. Outro sonho: Sobre o simples, rude e patético crucifixo, na parede do quarto, via dois pulmões, e muito sangue: rubro e vivo, jorrava e circulava, entre eles e terminava em grossos pingos. Acordei assustada. agora eu acredito em sonhos, acredito na espiritualidade, acredito na fé que move montanhas, acredito no meu Deus, dentro em mim. O seu estado de saúde melhorou dia a dia. Eu sonhei com a cura da minha filha. Foi um renascimento de nós as duas. olho a natureza, faça frio, chuva, o sol sempre aparece. Perdemos o medo, adquirimos confiança no futuro. Passo a passo me esforço para renovar energias. Sei que posso. ninguém pode me negar o meu verdadeiro poder. Ninguém. Nunca mais me culpei de nada. Nem de ter nascido mulher. Rio, rio muito. Ou para o bem ou para o mal, sempre visando seu interesse. Sei que o homem inventa muito. Somos como a roseira, nossas hastes cobertas de espinhos, são nossas defesas: e assim, canta a trovinha: eu queria ter minha mãe, nem que fosse uma roseira, nem que ela me espinhasse, era minha mãe verdadeira. Jesus antes de dar o último suspiro nos ofertou sua mãe." Filho eis aí tua mãe". Nossa Senhora das Graças, Rogai por nós. Deus é tudo, se temos Deus temos tudo

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