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1 de dez. de 2014


A BUNDA DO MENDIGO
Marialva, aluna aplicada, nota 10. Era a minha melhor amiga. Colega de aula, do secundário, no Colégio Manoel Ribas. Nas férias nos divertíamos muito, nos balneários e festas. Nossos pais no proporcionava os melhores divertimentos. Apreciavam muito aquela amizade. Não conseguiam imaginar o quanto conversávamos e nos entendíamos. Os bons tempos, ficam para atrás, mas as boas lembranças voltam.. Resta-nos recordar. Há 3 meses Marialva foi encontrar-se com o criador. Senti uma forte dor no coração, chorei. Casâmonos. Casou-se com Álvaro.. Mudou-se para outro estado. Suas cartas singelas e queridas não paravam de chegar. Uma muito triste. Álvaro tinha um gênio difícil. Dulcinha vivia febril e sofria de anemia profunda, pelas constantes brigas que aconteciam entre seus pais. Alvaro deixou o lar e fez um novo casamento. Mulher sem escrúpulos, ambiciosa. Seus assuntos eram dinheiro, viagens e trazia Alvaro ali. Preso pela gravata. Dulcinha sofreu um acidente quase perdeu a vida. Sofreu várias fraturas. Fez várias cirurgias. Álvaro permanecia num turno e Marialva, chegava ao Hospital e trocava de turno. Os dois se revezavam para cuidar de Dulcinha. A madrasta estrilou. Exigiu que Álvaro afastasse Marialva, do leito da filha. Ciúmes. Achava que Marialva estava a usufruir por demais da presença de Álvaro. Esse ficou em pé de guerra com Marialva. Furioso deu-lhe sinais que se afastasse do quarto da filha. Enfermeiras e vizinhas do quarto de Dulcinha perceberam suas más intenções. Marialva não quis discutir o assunto, orava a Deus pedindo misericórdia. Dulcinha queria por demais a presença da mãe. A madrasta sorrateira e gananciosa aparecia nas ausências de Marialva. Ela confessou-me numa carta com palavras sofridas e cheias de pudor. Quando se dirigia para o Hospital, de repente, deparou- com um mendigo dormindo de bruços deitado na calçada e as calças do homem, meio abaixadas. Pensou em desviar-se rapidamente daquele trajeto, mas o mendigo mexeu-se, levantou a cabeça, e sorriu-lhe largamente. – Não tive tempo. Confessou-me. Eu vinha sofrendo tanto, que quando vi, estava em cima daquela cena. Era uma subida. Perdi de todo o fôlego. O homem estava muito sujo. Fedia a álcool. Mas agora te contando amiga: apesar de estar no meio de uma desgraça, uma adversidade, sem achar uma saída. Com tamanho sufoco, pela gravidade da hora. Pensando... sorri. Encontrei Álvaro sentado no divã, uma cara de raiva, Insano. Dulcinha gemia de dor, esperando a pior das brigas e eu jogada porta a fora. Levantou o brancinho, numa palidez mortal, enfraquecida, me fez sinal que não falasse. Puxei uma cadeira e fiquei distraída por instantes e sorri, lembrado a cara daquele mendigo. Álvaro de um salto, pôs-se, pra fora do quarto. E se foi. Respiramos aliviada. Deus, Nosso Senhor cuida de tudo. Aquele desgraçado daquele mendigo me descontraiu. Não sei amiga, se tu poderás me entender. Mas Deus está em toda a parte e no inferno também. Aleluia! Aleluia! Minha amiga Marialva com certeza está no paraíso e Álvaro, brutamontes, vive desgraçadamente com aquela redonda em círculos incessantes de discussões, quer dinheiro e uma boa indenização. Dulcinha recuperou-se e tornou-se numa linda moça, e não esquece os conselhos da mãe: “Confia em Deus e trabalha.”

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