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22 de set. de 2014

CRER!
Entupiram-me de mandamentos e regras: uns bem fáceis, outros nem tantos, e nem tintos. Muito pior é o medo que nos passaram. E desde muito cedo, inventaram o bixo papão embaixo da cama. Zupit... Pulava rápido, de chupeta na boca, e enterrava a cara no travesseiro. Cobras e caras horrendas. Passavam-me, ante meus olhos. O ruim quando chegou a adolescência. Começaram os sermões de pecado. Histórias de pecados e desgraças. Os que nos advertiam contra pecados, os pecados mortais. Não estava no mapa. Eles, os ministros de Deus, eram os que mais amavam falar, contra os assuntos libidinosos. Como éramos meninas perguntavam-nos, se não fazia isso ou aquilo com as coleguinhas.  Coisas que no meu entender, impossível de acontecer. Eram homens e mulheres santas, tementes a Deus e de uma imaginação, incrível. Eram, e são tutelados por ordens monásticas. Os sábios afirmam: “a imaginação governa o mundo” e como: tudo que acontece no mundo é fruto de uma imaginação riquíssima, e rende muito: desgraças ou felicidades; pobrezas ou riquezas. Recomendam: Cuidado com o falar... Mas, papagaio, não fala. Repete. Papagaio pensa? Creio que não. Pensar, não é pior que falar? Pensa o bem, ele acontece, o contrário, é ele que acontece. Há uma piada que ilustra, muito bem: o pensar, o calar e o falar. Havia num apartamento de um jovem casal, um papagaio. O papagaio não deixava ninguém falar. Tagarelava todo o tempo: currupato dá o pé! Néca dá caneca! Qué café! Bobo! – Cala papagaiooo. E o papagaio não calava. Repetia tudo de novo. Interrompia. Os donos da casa e as visitas calavam e papagaio falava: - corre, papagaio qué café, dá, dá. Oba! Ta loka. To indoooo – merda! E por ali descambava. Assim colocaram-no, no banheiro. O pobre passou muito tempo, mas muito tempo, lá. Calado! Entristeceu-se. Mas um dia, a visita retornou. Pediu que o trouxessem para a sala. Aquela linda ave, e como falava. Papagaio instalado novamente, naquele arco luzidio como uma linda prata. Quieto, encolhido. Não falava. Fala papagaio! Fala. Nada. Não falava. Sacudiram o arco e deram um estremeção: fala, fala, fala... Timidamente e deprimido falava, arrepiado de frio. _ chi... pum..pum...chi.. chi.. pum ... pum! Moral: deixa fluir, deixa falar, deixa calar, deixa silenciar. Tudo a seu tempo. Não pode! Não corte. Não interrompa o fluxo normal. Deixa o outro falar... Acontecer... Errar... Acertar... Cair .... Levantar!!! Senão vai dar: é merdaaaaaaa. E como a Igreja, os conservadores, os beatos (as), a moral e os bons costumes, e os politicamente corretos, já fizeram e fazem Merda!!! Provo se quiserem saber. 

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