"SEM AMOR NADA SERIA"
Escreveu um autor português do século passado a respeito de Lamartine:
" Sim, é pela amorosa contemplação dos esplendores de Deus que, ao nascer, ele sente-se poeta, - é pelo amor da humanidade que ele se julga orador, é pelo amor da pátria que ele se faz político, - é pelo amor do povo que ele se eleva tribuno - é pelo amor da verdade que toma a toga severa de historiador, é pelo amor da glória e admiração dos grandes homens que ele se torna biógrafo, é pelo amor dos anjos que, em Graziela, ele se torna o mais tocante romancista do mundo".
A grandeza do ser humano aquilata-se pelos seus atos e pelos seus sentimentos. Que valerá o homem sem o amor? Que valerá a mulher sem o amor?
Só o amor nobre, digno, consciente e alevantado lhe dá a marca de superioridade, observa Ramalho Urtigão:
"Ninguém é grande nem pequeno neste mundo pela vida que leva pomposa ou obscura, solta ou aperreada ou pelo trabalho que faz. A categoria em que temos de classificar a importância dos homens deduz-se do valor dos atos que eles praticam, das ideias que difundem e dos sentimentos que comunicam aos seus semelhantes. "É binária a natureza de todo o homem superior: metade dele pertence ao ramerrão passageiro de cada dia; outra metade pertence ao ideal eterno de um mundo mais perfeito, em cuja obra cada um colabora procurando torná-lo, na órbita da sua aptidão pessoal, ou mais justo, ou mais rico, ou mais belo".
"...É preciso amar fora da esfera de todos os interesses pessoais criados pela sociedade de que fazemos parte e estabelecidos pelo Estado, pela profissão ou pela hirarquia. É preciso amar pela abnegação e pelo sacrifício de tudo para se chegar a ser alguma cousa. "O amor é uma ideia - fixa, comum a toda a humanidade: revela-se, sob as formas mais variadas e mais desnorteantes, em todos os climas e em todas as civilizações". Assim proclama Surbled: "Como querer esconder aos olhos dos nossos adolescentes o que salta a vista de todos, o que não pode ser escondido? Se não lhes falarmos do amor puro e autorizado, as paredes, os livros, os espetáculos, a rua, tudo lhes mostrará o amor desonesto e doentio, que é a face triste e vergonhosa do outro".
Toda a vida humana se desentranha em amor, e logo na infância é de amor o ambiente em que a criança vive, acarinhada pelos pais, que a ela lhe pedem também amor.
Se o amor é, assim, um elemento preponderante na vida, urge estudá-lo e procurar penetrar até onde possível for o seu mistério. (Psicologia do Amor por Mario Gonçalves Viana)
Ligia Skrebsky - professora de Letras
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