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7 de nov. de 2015



Passei a manhã meditando ..sobre a palavra decisão. Creio que duas palavras são fundamentais: o amor e a confiança. São genitores do respeito e das grandes realizações. Como me conforta ao chegar e estar a passar o outono da minha vida, e como pano de fundo, lembrar dos meus pais: sentados no divã do escritório de mãos dadas, conversando a meia voz, quando sozinhos eles falavam a meia-voz: sem gritos, resmungos ou acusações. Em meio aos 11 filhos, eles achavam momentos de verdadeira troca de acolhimento e afeto. Meu pai atravessava todo o casarão da cozinha ao escritório, servindo-lhe o chimarrão, obra prima dele. Naquele cantinho do divã ao lado da escrivaninha conversavam e conversavam ...A peça era iluminada por cinco portas que davam acesso aquela peça. As fluorecentes, nestas horas, ficavam apagadas: as decisões tomadas eram sobre os filhos e negócios: lavouras e gados. Às 4 hviajava pela estrada velha por mais de 3h , verão ou inverno, secas ou enchentes, barro e lama para atender o gado e as lavouras, ás 19h estava de volta para levar minha mãe ao cinema e fins de semana iam dançar quadrilha. Incansável, ele era o único provedor. Onze filhos e a esposa, não nos deixava faltar nada. Traduzia o Burda alemão. Em casa, minha mãe costurava, bordava e confeccionava nossa roupas com auxílio de uma costureira. Estas lembranças nos confortam. As adversidades nos visitavam, mas os dois sozinhos resolviam. Minha mãe faleceu cedo. Ele não quis casar-se, continuou nidificando sozinho. Enquanto pode falar dizia: - não posso morrer tenho que cuidar dos meus filhos. Eu até ria, os filhos já estavam passando dos 60 anos. Recordá-los, faz-me sentir mais humana ... Que bom que todos os pais fossem como S. José, os filhos como o Menino Jesus e as mães como Maria de Nazaré.

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