Santa Maria da Periferia.
Das pessoas simples. Filhos lendários da
Mãe Imembui com o branco Morotin. São irmãos do vento
norte que sopra feroz, que varre os miasmas das calçadas e ruas alagadas. Abandonadas. Ausência de projetos, fazem falta a toda
aquela gente. No mesmo descompasso, acertam o passo como dá. O descaso, chega ser
tanto como a pedra angular, rejeitada pelos donos. São, guerreiros, destemidos. Buscam alternativas. Emendam com restos de lixo: mobílias, portas, janelas. O
vento minuano, como uma espada de dois gumes, corta crianças que dormem, no
chão, e têm por colchão seus corpos macios. Se aquecem assim, sem agasalhos e
sem pão. Pela manhã um mingau de farinha. Nem café, nem doçura. Mas em dias de festas o tambor, e o canto pelas ruas, despidas de encantos, sem acalantos, a não ser dos pais de santo e
das mães benzedeiras. Lá, os políticos com carros de som vão. Visitas
cordiais. Sorrisos desmanchados. Levam biscoitos
e remédios. Água, luz. Pontes e pontilhões. Tudo será arrumado. Portanto, promessas. Distribuem abraços, carinhos: pra
velhos, crianças e apertos de mãos. Dias depois das eleições, esquecem. E nem os
reconhecem. O centro urbano desce pras
vilas em tempos de samba e carnaval. São todos santa-marienses. Felizes dançam. Cantam enredos inglórios de dor e amor. O rei e a rainha, excelências por
poucas noites. Quando amanhece, tudo volta ao normal. Ninguém, nunca se viu. No
centro, a praça e o palácio, sempre, enfeitados. É o seu cartão postal.. Periferias
entregues às drogas, crimes, e mortes, em toda a parte. A Deus, eu peço, leva embora, de nós, vento norte, todos os infortúnios. Abençoa-nos, Mãe-Pai como irmãos, somos todos iguais. No ar, promessas de uma nova alvorada. Feliz
Aniversário, Santa Maria.!
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