Páginas

15 de mai. de 2015

Santa Maria da Periferia.

Das pessoas simples. Filhos lendários da Mãe Imembui com o branco Morotin. São irmãos do vento norte que sopra feroz, que varre os miasmas das calçadas e ruas alagadas. Abandonadas. Ausência de projetos, fazem falta a toda aquela gente. No mesmo descompasso, acertam o passo como dá. O descaso, chega ser tanto como a pedra angular, rejeitada pelos donos. São, guerreiros, destemidos. Buscam alternativas. Emendam com restos de lixo: mobílias, portas, janelas. O vento minuano, como uma espada de dois gumes, corta crianças que dormem, no chão, e têm por colchão seus corpos macios. Se aquecem assim, sem agasalhos e sem pão. Pela manhã um mingau de farinha. Nem café, nem doçura. Mas em dias de festas o tambor, e o canto pelas ruas, despidas de encantos, sem acalantos, a não ser dos pais de santo e das mães benzedeiras. Lá, os políticos com carros de som vão. Visitas cordiais. Sorrisos desmanchados. Levam biscoitos e remédios. Água, luz. Pontes e pontilhões. Tudo será arrumado. Portanto, promessas. Distribuem abraços, carinhos: pra velhos, crianças e apertos de mãos. Dias depois das eleições, esquecem. E nem os reconhecem.  O centro urbano desce pras vilas em tempos de samba e carnaval. São todos santa-marienses. Felizes dançam. Cantam enredos inglórios de dor e amor. O rei e a rainha, excelências por poucas noites. Quando amanhece, tudo volta ao normal. Ninguém, nunca se viu. No centro, a praça e o palácio, sempre, enfeitados. É o seu cartão postal.. Periferias entregues às drogas, crimes, e mortes, em toda a parte. A Deus, eu peço, leva embora, de nós, vento norte, todos os infortúnios.  Abençoa-nos, Mãe-Pai como irmãos, somos todos iguais. No ar, promessas de uma nova alvorada. Feliz Aniversário, Santa  Maria.!

Nenhum comentário: