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9 de abr. de 2015







                                                QUANDO ELE VIROU PAPAI...


Morre de felicidade, quando recebeu a notícia que seria papai. Viajou na maionese: vai ser guri. Forte, taludo, o xodó das gurias. Sai a anunciar: aos amigos, avós, tias e primos que vai ser pai. Adentra a primeira loja, e entre risos, escolhe roupinhas. Tudo azul, pois é um guri. Escolhe tamanho grande. O dono da loja, fala:- pode trocar caso precise. Está tão feliz! A boca alcançando as orelhas, nem ouve. Noutros dias, a espera do rebento, diz que é um bezerrinho... A mãe, só enruga a testa. Ele pega o lápis e faz uma lista de padrinhos. Depois escolhe o nome. João. É nome de homem. É uma menina, diz a mãe. Vai se chamar Maria, nome de Nossa Senhora, contrariada chora. O pai entende mais ou menos, levanta e sai. Numa volta, a conversa recomeça. Vai ser advogado...  Vai ficar bonito, do alto da cátedra. Vai fazer fama e muito dinheiro. Oh, O Guri! Vai andar de patinete, bicicleta, moto. Vai passar na rua, jogar bulita, caçar passarinho... Moleque mui esperto!!! Vai pescar, na beira dos açudes. Passar lixinguana, com o vento minuano soprando, enrolado num cobertor. Eigatê! - É menina, fala a mãe. Troca aquelas roupinhas ... Eu quero tudo rosa... ele não é grande ainda... Enfatiza braba. O pai entende que tem que acalmar os ânimos, senão a criança vai nascer com cara de zanga. Sai, e sorridente chega trazendo um cobertorzinho com estampa dos três patinhos, e uma banheira rosa. Nasceu uma menina. Corre feliz pro cartório e registra: - Maria como minha mãe, diz se desculpando. De volta do hospital carrega aquele anjinho envolto em panos bordados, aquecido por uma manta cor-de-rosa. Apresenta a casa pra nova moradora, peça por peça e a deita no bercinho com mosqueteiro alvo como a aurora: poupées e um ursinho azul de plástico do Paraguai que “no movie la cola y la cabeza”. Dez meses depois assiste pela vez primeira o banho da sua princesinha. Ela queria morder o sabonete. Batia com as mãozinhas n’água e o sabonete fugia fazendo espuma. Dava gritinhos, ele às gargalhadas divertia-se. Aquele banho demorado encarangou a nenén. Roxa e ensaboada é enxugada às pressas. Em pleno verão com sapatinhos nos pesinhos e, um abrigozinho de lã rosa. Ele se ri, todo molhado e como se ri. Que do alto dos céus, Deus os abençoe.

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