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16 de out. de 2014

MONÓLOGO

Quem é capaz de adivinhar que aquele saco de plástico, desprezado, por qualquer consumidor, num dia de ventania, voou por entre o arvoredo, depois de tantas reviravoltas no ar, dependurou-se com a força do vento, num dos galhos da seringueira, defronte à minha janela, não pudesse ser ele, um morcego albino? De lá, a me perscrutar com aqueles olhos redondos e muito pretos a sondar a minha alma? São olhos de uma malignidade atroz. Esses morcegos albinos estão em toda a parte, não somente no meu quintal. Estão no caminho por onde eu passo, a reprovar meu lento passo. Passo a admirar os primeiros botões de flores que brotam de uma roseira. Rosas de todas as espécies e cores, aveludadas roxas e azuis, de um amanhecer primaveril. Que veneno cruel, ser assim, abordada por esses olhos terríveis. Em silêncio, sigo meu andar... calada passo. Para que falar? Os albinos irão me entender? Se não entendem uns aos outros? Não. Os inferiores mudam de face. Os superiores mantém suas posições. É nessa revolução, que, os inferiores almejam igualdade e os superiores, não descem para manter seus privilégios. TODOS EN UNO. Eu vou pra cozinha, tanque e fogão. Cedo todos os meus privilégios pra cozinheira, exceto o marido. No dia seguinte meu marido vai querer a cozinheira. Ele não mais, vai me querer. Calma albinos, tudo a seu tempo. Sinto dificuldade em manter-me quieta, mas devo manter-me lúcida. Quero almejar, frente a todas essas distorções, um governante que traga para seu povo tranqüilidade e paz. Quero continuar mantendo meu papel de cidadã. Não quero suportar lixo nas ruas, vazamentos de água, nem ver em pocilgas jovens reféns de drogas, e muito menos, crianças passando fome. Quero um país de ORDEM E PROGRESSO. Desejo que uma BOA EDUCAÇÃO, SEJA PRIVILÉGIO DE TODOS.

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