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14 de abr. de 2008

Tempo de vida mais prazeroso

"Oh! que saudades que tenho da minha infância querida" ...
 Eram nossos veraneios, durante as  férias. Como um bando de ciganinhos, fazíamos a viagem de caminhão. Minha mãe viajava na cabina com o motorista, quase sempre grávida. Em meio a utensílios e mantimentos, sem faltar o tacho para a feitura de doces e geléias, armavam uma cama. Os que enjoavam iam deitados. Éramos sete meninas e quatro meninos. Íamos cantando e ouvindo estórias que nosso pai nos contava: do coelhinho, do seu Sinforoso e do papai Noel. E como tinha paciência e atendia a todos com carinho. Sorrindo muito, animava os que enjoavam. Não havia asfalto, o cheiro de terra molhada e de gasolina eram fortes e enjoativos.  Lebres, cobras e lagartos atravessavam a estrada a nossa frente.Dávamos gritinhos Às vezes, Seu Sinforoso que era um duende, sentava-se, no espelho, e nos sorria. Meu pai alegrava-se  com a nossa imaginação. Faceiro, cantava versinhos em alemão. Pedíamos a tradução. Recomeçava a cantar e ficava por isso mesmo.
Lá, nos esperávamos os caseiros. Descíamos do veículo e corríamos por todo o piquete, e ao redor da casa. Feitos uns desesperados por espaço, pois morávamos num apartamento, na Visconde de Pelotas. A paisagem da fazenda era linda. Na entrada havia três coqueiros. Parecia que nos esperávamos. As coxilhas eram onduladas como as ondas do mar. Ao longe, no horizonte, passava uma linha de trem, Quando chovia, pelo espelho d'água delineava uma imensa cobra que serpenteava. Pontos pretos, vermelhos, sobre a verde campina, era o gado, ovelhas e cavalos pastando.
Nossas brincadeiras eram inéditas: o pé de caqui, onde construímos um apartamento. Nem terminávamos de construir, minha mãe, mandava desmanchá-lo. Temia que nos incendiássemos. Pobre da vaca Chiquinha! Todos tirávamos o leite de cócoras, um depois do outro Ela nos deixava com as pernas abertas para não nos pisar, saía para o piquete. Também, agarrados em sua cauda costumávamos surfar.. Havia o varal do charque, nele nos dependurávamos pelos pés e ficávamos de ponta cabeça, nos embalando, imitando os trapezitas do circo. Nossa piscina era uma sanguinha e para os guris os açudes. E para andar a cavalo e subir em árvores, ela fazia uns macacões de riscado. Quando minha mãe, aproximava-se, terminavam as brincadeiras. Ela nos distribuía tarefas. Quase sempre, as passávamos para os menores ou para a empregada. Minha mãe gritava da máquina de costura: - aqui não é quartel. Óh! quantas saudades!

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